terça-feira, 1 de junho de 2010

Copa do Mundo: Por trás do maior espetáculo da Terra


Numa competição dessa magnitude, não há sucesso possível sem um modelo de gestão empresarial competente, dinâmico, focado, multidisciplinar e atualizado. Leia mais.

Parece ter sido ontem a vitória da Itália sobre a França, nos pênaltis, na tensa final da Copa da Alemanha. E já vivemos, novamente, a euforia do maior evento de diversão e entretenimento do mundo, desta vez na África do Sul. Esta é a hora da verdade, da entrega, do show, e bilhões de pessoas acompanharão os 64 jogos entre as 32 seleções classificadas para a fase final do torneio.

Costumamos nos ater ao caráter esportivo e lúdico do certame patrocinado pela Fifa desde 1930. No entanto, para que ele aconteça, são mobilizadas milhares de pessoas e centenas de empresas, dos mais diversos segmentos. Trata-se sempre de um formidável esforço empreendedor. E, numa competição dessa magnitude, não há sucesso possível sem um modelo de gestão empresarial competente, dinâmico, focado, multidisciplinar e atualizado. Isso vale para os organizadores e também para as seleções participantes.

O Brasil, o maior vencedor de Copas do Mundo, tem histórias que podem ensinar um pouco sobre o assunto. Em 1950, por exemplo, o torneio foi realizado no Brasil. E nossa esquadra se classificou sem problemas para a final. Aí, armou-se nos bastidores a grande tragédia do Maracanã. Nos dias que antecederam a decisão, o clima foi de “já ganhou”, e muitas personalidades públicas quiseram tomar carona no trem da fama dos futebolistas. Inúmeros eventos exauriram os jogadores naquele período.

Esse certamente foi um dos motivos da inesperada e dolorosa derrota para o Uruguai. Com o resultado de 1 x 2, perdemos a taça e um pouco da autoestima. Sentimo-nos um país de menores, de incompetentes, de fadados ao eterno fracasso. Ora, mas por que perdíamos justamente quando não podíamos perder?

Provavelmente, por falta de planejamento e de uma gestão disciplinada. Assim, em 1958, buscamos uma administração mais profissional do selecionado. Foi elaborado o “Plano Paulo Machado de Carvalho”, denominação que remetia ao famoso empresário de comunicação e chefe da delegação. Funções foram definidas e delegadas. Definiu-se uma agenda de treinamentos. E um trabalho criterioso de condicionamento físico foi desenvolvido. Naquela ocasião, o Brasil se preparou para aliar o talento à organização. E deu certo! Com Pelé, Garrincha e o Doutor Paulo ganhamos a Copa da Suécia.

O líder do grupo foi até psicólogo na área de RH antes da final contra os donos da casa. O Brasil teve que jogar de azul. E para tranqüilizar os jogadores, o “Marechal da Vitória” disse que as camisas trariam sorte, por que tinham a cor do manto de Nossa Senhora Aparecida. Noutras ocasiões, a organização também foi vital ao triunfo. Vale relembrar a conquista da Copa dos EUA, em 1994. O técnico Parreira foi mais do que um especialista em estratégias de jogo. Agiu também como um manager, um gestor, capaz de gerir processos e produzir o resultado esperado.

Hoje, em sua maioridade, o futebol é fonte de negócios em vários segmentos. Grandes eventos alimentam empresas de construção, fabricantes de material esportivo, grupos de medicina privada, companhias de comunicação e profissionais das mais diversas áreas, da logística às finanças, do marketing à publicidade.

Pois, quando sobe um novo estádio, alguém precisa produzir concreto, ferro, vidro, plástico, tinta e até grama. São inúmeros segmentos mobilizados em conjunto para viabilizar a festa. Um trabalho realizado pela PricewaterhouseCoopers, divulgado recentemente, indica que a indústria do esporte tende a crescer bastante nos próximos anos. Em 2009, o volume de negócios atingiu a cifra de US$ 114 bilhões. E a previsão é de que alcance US$ 133 bilhões em 2013, um incremento médio de 3,8% ao ano.

O patrocínio esportivo, por exemplo, tem números que atestam a evolução do setor. Em 2009, as quotas negociadas totalizaram US$ 29,4 bilhões. Em 2013, essas ações devem movimentar US$ 35,2 bilhões. Paralelamente, as negociações associadas a direitos de transmissão televisiva e mídia devem saltar de U$ 23,1 bilhões para US$ 26,7 bilhões, nesse mesmo período de quatro anos.

O esporte é, portanto, hoje não somente uma área estratégica de negócios, como também um setor que produz experiências educativas de primeira linha para a área de gestão. É o caso de Ferran Soriano, que hoje faz palestras sobre sua gestão como vice presidente econômico do Barcelona.

Para alcançar padrão de excelência, portanto, os clubes e entidades necessitam recorrer às boas técnicas de gestão. Mas também é certo que os gestores aprenderão muito ao estudar as formulas de sucesso aplicadas ao esporte. A sorte, ou melhor, a bola, está lançada!

Por Carlos Alberto Júlio (Empresário, palestrante, professor e autor. Vice-presidente do conselho de administração da Tecnina e conselheiro da Camil Alimentos. E-mail: julio@carlosjulio.com.br

HSM Online
02/06/2010

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