sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Entrevista: Katty Kay: Para reter talentos, empresas buscam novas saídas para proporcionar horários - e estilo de trabalho - mais flexíveis



Lançado em dez países, inclusive no Brasil, em agosto, o livro Womenomics – A Tendência Econômica por Trás do Sucesso Pessoal e Profissional das Mulheres (Editora Campus/ Elsevier) traz argumentos para que as mulheres — e também os homens — negociem uma forma de trabalho mais flexível.

De Washington, nos Estados Unidos, a jornalista britânica Katty Kay, coautora do livro, falou por telefone a VOCÊ S/A.

Por que voltar a esse tema?
É difícil assumir que não queremos trabalhar 16 horas e que preferimos renegar uma promoção e ter tempo para a vida pessoal. Quando começamos a estudar o assunto, tivemos certeza de que não éramos as únicas mulheres que, apesar de serem apaixonadas pela profissão, estão exigindo um novo jeito de trabalhar. Quando tive meu segundo filho, negociei com a BBC [grupo de comunicação britânico] e disse que precisava de mais tempo para as crianças. Fiquei três anos afastada do emprego. Quando quis voltar, a empresa me aceitou para trabalhar apenas por meio expediente.



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Como as empresas podem se adaptar às novas demandas?
As companhias precisam ouvir os apelos por mais tempo livre. Caso contrário, vão perder funcionários qualificados, mas insatisfeitos. A consultoria Deloitte, por exemplo, criou um programa em que o próprio empregado decide se quer trabalhar mais e ter ascensão rápida ou se prefere ir devagar e dedicar parte do seu tempo a projetos particulares.

É aceitável exigir mais tempo para vida pessoal em corporações que ainda não estabeleceram práticas de flexibilidade?
Sim. A maioria das pessoas não consegue ter mais flexibilidade simplesmente porque não conversa sobre o assunto. Além disso, em uma recessão como a que ainda enfrentamos nos Estados Unidos, a flexibilidade é um ótimo negócio. Já que não podem dar bônus ou aumento, as chefias oferecem tempo como moeda de troca.

A vontade de mudar a maneira de trabalhar é só feminina?
A maioria dos homens na faixa dos 40 anos ainda não consegue admitir que passar o dia todo no escritório e deixar os filhos de lado é problemático, mas as mulheres nessa faixa estão pensando nisso há algum tempo. Já os homens e as mulheres de 20 e poucos anos encaram o trabalho de modo muito mais parecido: querem crescer profissionalmente sem abrir mão da vida pessoal.

Qual será a grande contribuição das novas gerações para a transformação do trabalho?
A intimidade com a tecnologia e redes sociais. Essa consciência de produtividade a distância será fundamental para disseminar a flexibilidade dentro das empresas.

Homens e mulheres enxergam o sucesso de maneira diferente?
Antes achávamos que era fundamental para ocupar a cadeira da presidência nunca tirar férias. E, se não agíssemos assim, poderíamos ser demitidas. Agora começamos a entender que não há nada de errado em ter vida pessoal. A maneira feminina de trabalhar e gerir pessoas hoje é mais valorizada pelas empresas, que buscam capacidade técnica e inteligência emocional ao mesmo tempo.

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